quinta-feira, 28 de maio de 2015

fenômenos viróticos

Dois "fenômenos viróticos", sociais e políticos, aparentemente absurdos e incompatíveis com o século XXI surgiram no ano passado. A epidemia de ebola na África Ocidental e o Estado Islâmico (ISIL, ISIS, EI) no Oriente Médio. "Epidemias" só se espalham com nichos ecológicos e habitats favoráveis. Após um ano a epidemia de ebola parece ter diminuído e começou a ser contida, já o EI resistiu e amplia a sua esfera de ação. Vitórias no Iraque, Ramadi, na Síria, Palmira e na fronteira entre os dois Estados. Existe uma base social de apoio ao Estado Islâmico. As ditaduras, a pobreza, a ignorância, a violência, o caos, a humilhação e o desespero dos últimos anos aumentaram e criaram esta grande base social na região. Pela primeira vez o EI ataca uma mesquita xiita na Arábia. Os Estados Unidos não vão enfrentar mais um tiranete árabe facilmente derrubável. Uma intervenção terrestre seria extremamente cara para um país quebrado financeiramente, com Fergusons e Baltimores explodindo e um custo militar bem mais elevado para uma nova guerra no Oriente Médio. Cenários iniciais de 50 mil mortos e 500 mil feridos dos Estados Unidos para tentarem extirpar o Estado islâmico não receberão nenhum apoio eleitoral por lá e uma guerra ainda poderia ser mais um trauma como as guerras anteriores, com possibilidade de uma derrota ainda mais humilhante do que no Vietnã. Para Israel o pior pesadelo seria o Estado Islâmico fazendo fronteiras ou com presenças na Síria, Jordânia, Cisjordânia, Palestina, Gaza, Sinai, com células ativas em Jerusalém e dentro de Israel. O cenário é de grave instabilidade política espalhada pela Arábia Saudita, o Egito, a Líbia, o Paquistão e o Afeganistão convulsionados pelas ações do Estado Islâmico nos próximos dez anos em graus variáveis.


Ricardo Costa de Oliveira

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