Dois "fenômenos viróticos", sociais e políticos,
aparentemente absurdos e incompatíveis com o século XXI surgiram no ano
passado. A epidemia de ebola na África Ocidental e o Estado Islâmico (ISIL,
ISIS, EI) no Oriente Médio. "Epidemias" só se espalham com nichos
ecológicos e habitats favoráveis. Após um ano a epidemia de ebola parece ter
diminuído e começou a ser contida, já o EI resistiu e amplia a sua esfera de ação.
Vitórias no Iraque, Ramadi, na Síria, Palmira e na fronteira entre os dois
Estados. Existe uma base social de apoio ao Estado Islâmico. As ditaduras, a
pobreza, a ignorância, a violência, o caos, a humilhação e o desespero dos
últimos anos aumentaram e criaram esta grande base social na região. Pela
primeira vez o EI ataca uma mesquita xiita na Arábia. Os Estados Unidos não vão
enfrentar mais um tiranete árabe facilmente derrubável. Uma intervenção
terrestre seria extremamente cara para um país quebrado financeiramente, com
Fergusons e Baltimores explodindo e um custo militar bem mais elevado para uma
nova guerra no Oriente Médio. Cenários iniciais de 50 mil mortos e 500 mil
feridos dos Estados Unidos para tentarem extirpar o Estado islâmico não receberão
nenhum apoio eleitoral por lá e uma guerra ainda poderia ser mais um trauma
como as guerras anteriores, com possibilidade de uma derrota ainda mais
humilhante do que no Vietnã. Para Israel o pior pesadelo seria o Estado
Islâmico fazendo fronteiras ou com presenças na Síria, Jordânia, Cisjordânia,
Palestina, Gaza, Sinai, com células ativas em Jerusalém e dentro de Israel. O
cenário é de grave instabilidade política espalhada pela Arábia Saudita, o
Egito, a Líbia, o Paquistão e o Afeganistão convulsionados pelas ações do
Estado Islâmico nos próximos dez anos em graus variáveis.
Ricardo Costa de Oliveira
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