sexta-feira, 14 de março de 2014

Podem até ter havido manifestantes neonazistas em Kiev...

mas a questão é muito mais antiga...a Criméia era grega e foi ocupada por mongóis (tártaros). Nunca na história aquele povo foi russo...nem antes, nem agora!. Quando os russos de Romanov invadiram a Crimeia também invadiram a Polônia em 1793. Não existia Ucrânia (criada em 1922 pelos soviéticos em resposta a derrota na Guerra Polaco-Russa de 1920). O povo da nova República Soviética eram os rutenos (assim eram chamados os ucranianos), que viviam em terras da Polônia desde a queda do Principado Kievano (criado pelos Vikings em terras da Europa Central) e que nesse período ganham um território, um estado e um nome para seu país: Ucrânia.

Por que Catarina a Grande, prima do Rei eleito da Polônia August Poniatowski, invadiu a Polônia???
Porque os polacos vinham dando mau exemplo aos reinos hereditários da Europa desde 1453, quando junto com a Lituânia, criaram a República das duas Nações, com um congresso estabelecido e eleições para rei...a hereditariedade de uma única família caiu por terra.

Por que Catarina a Grande, junto com Austria e Prússia invadiu a Polônia em 1793?
Porque a República polaca (seguida pelos EUA de 1776 e França de 1792) ousou estabelecer uma Constituição, a de 3 de maio de 1791 numa Europa de Reinos totalitários, ungidos pela Igreja Católica Romana.

Por que Catarina a Grande invadiu a Polônia e a Crimeia no século 17?
Porque nem todos os congressistas polacos concordavam com os destinos da República com a queda do "Liberum Veto" da Constituição de 3 de maio, e se conflagraram contra o próprio país e se aliaram aos três invasores, na conhecida Confederação de Bar (cidade hoje na Ucrânia e fundada pela rainha da Polônia, Bona Sforza (do Reino de Bari, atualmente cidade italiana).

Quando, em 1918, a Polônia recupera seu Estado (apagado do mapa por russos, austríacos e alemães), na Rússia havia acontecido a revolução Bolchewiki em 1917.
Os comunistas estabelecidos no poder não quiseram perder as terras invadidas por Romanov em 1793...e invadiram novamente a Polônia em 1920.
Só que levaram mais uma surra dos polacos, como havia acontecido em 1612, quando o Rei polaco Wladyslaw entrou vitorioso no Principado de Moscou (não existia a Rússia até então).
Como consequência, os moscovitas após alguns anos conseguiram criar o reino da Rússia, o que só foi possível, com o desleixo de Varsóvia para com terras tão distantes.
Mas o pior de tudo isso foi o ódio eterno que os russos passaram a nutrir pelos polacos.

Assim, a questão dos passaportes russos dados por Putin, aos chechenos, aos georgianos da Ossetia do Norte, da Ossetia do Sul, da Abicassia e agora, aos ucranianos de fala russa da Crimeia....não tem absolutamente nada a ver com esse discurso comunista do PCB e do PCdoB sobre a questão...

O que deseja o ex-chefe da KGB é reconstruir a Grande Rússia dos Romanov, a Rússia da União Soviética, esta derrubada por uns eletricistas e mineiros polacos das cidades de Gdansk e Katowice....

Coisas como fornecimento de gás russo a Itália, Alemanha, França são muitos factuais diante de uma história de agressões mútuas entre Polônia e Rússia. E na questão Ocidente X Oriente...
o Ocidente está ainda em grande dívida com a Polônia....pois ao abandoná-la aos fascismo stalinista (esse regime nunca foi de esquerda) deu dinheiro para reconstruir a Alemanha nazista através do Plano Marshal...deu dinheiro aos agressores e abandonou as vítimas polacas da segunda guerra mundial...

As questões da antiga Iugoslávia (Eslavos do Sul) República Soviética criada no decorrer dos acontecimentos pós primeira guerra mundial, e seu desmantelamento pós a queda da União Soviética...
também tem a ver apenas com os ideais de Pan-eslavismo imaginados tanto por polacos quanto por Russos, tanto por Pilsudski quanto por Lenin.
E portanto, a questão no momento, vivida pela Ucrânia e Crimeia, passa ao largo de comunistas x nazistas, direita x esquerda....quem não percebe isso e tenta explicações sob o viés de cada uma das visões incorre em erro histórico.

Ulisses Iaroshinski

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