segunda-feira, 24 de março de 2014

discussões acerca da educação

Roberto Elias Salomão
Sinto uma certa angústia em amigos educadoras e educadores com a emergência desse fascismo de araque em nossas plagas. Concluem que a escola falhou, quando o certo é que essa juventude degenerada expressa interesses de classe, nada mais. Por melhor que seja o sistema educacional (e isso tem um limite no sistema capitalista), sempre haverá uma porta aberta para o fascismo. Se não fosse assim, como explicar o nazismo alemão, o fascismo italiano, o franquismo espanhol? Escolas ruins, professores incompetentes?
Andrea Caldas Acho que você tem razão, mas também nos falta um orgânico projeto educativo e cultural que dispute esta juventude. Em doze anos de governo popular, construímos prédios, melhoramos índices mas somos tímidos no debate curricular da escola e da cultura na sociedade. Ganhamos pontos no economicismo e perdemos muitos na "direção moral e intelectual".
Márcia Marques há, também, um gap de educação provocado pela ditadura, que desmontou um modelo de educação pública, implementada em grande parte por Anísio Teixeira, e que, com ele e Darcy Ribeiro, tem na construção da UnB sua elaboração mais refinada. Este desmonte foi crucial em transformar nossa educação no caos em que se encontrava. reconstruir, em meio a escombros (e tanta informação de preconceitos e xenofobias), é muito mais difícil. creio que a educação pública tem melhorado bastante, mas ainda faltam muitos anos para vermos os resultados desse investimento (que não pode ser interrompido, porque ainda precisa de muito)
Maerlio Barbosa O nosso modelo educacional tem que ser repensado. Os filhos da 5692 estão ai. Os estragos também. Tem que haver melhora no ensino desde a mais tenra idade até as universidades. De nada adianta melhorar as estatísticas na marra, como sempre fizeram. Esses planos emergenciais como o Mobral, Supletivo e cotas, que vieram com data para acabar, mas que são perenes, servem apenas como um "cala a boca" de parcelas excluídas, mas que votam, em nada ajudam a resolver o verdadeiro problema. Falta coragem e vontade política.
Márcia Marques tem sido implementadas mudanças – muitas muito boas – pelo MEC em parceria com outros ministérios com sociedade civil. falta comunicação e espaços de ampliação do debate. há uma mudança importante a ser feita no ensino médio, que não serve para nada. frustra os mlks no período mais complicado da vidinha deles, querem ganhar o mundo, mas não querem o ônus que isso acarreta. começou a ser implementada na gestão do haddad. as mudanças de ministros a partir dele sustaram as coisas. e as escolhas dos ministros não são feitas para dar continuidade aos planos e trabalhos. o MEC é um monstro (basta olhar o portal pra entender), cada mudança paralisa, pede novos estudos. não acho que quem chegue não deva fazer isso, porque não posso assinar cheque preenchido por outro sem olhar a fatura direitinho. falta é uma reforma política que contemple relações de Estado mais estáveis.
Maerlio Barbosa Olha, eu ainda cursava o primário quando entendi que quando se tem vontade política e se quer fazer alguma coisa, eles vão lá e fazem. Quando não querem, formam um comissão. o MEC tem comissão para tudo. Tenho visto muitos planos e coisas bonitas no papel, mas na prática.. E esse negócio de "parceria com a sociedade civil" lembra muito a já existente com as empresas particulares de ensino, que já levam muuuiiiiitoooo dinheiro nosso e só fazem o que lhes interessam financeiramente. Agem em nome do lucro e eu não gosto disso. Eles nem deviam ser chamados ou ouvidos, visto que não são responsáveis pela formulação de um plano nacional de educação popular. ACORDA BRASIL, EDUCAÇÃO É PROBLEMA DE TODOS!
Márcia Marques essa parceria com a sociedade civil, com a população, tem se dado muito nas universidades federais, por meio de cursos e atividades de extensão, com resultados muito interessantes. não podemos esquecer o quanto o país é desigual em muitas coisas: dinheiro, acesso, educação, geografia, história, cultura. em muitos casos é bom sermos desiguais e em outros absolutamente abjeto. e é neste contexto complexo que se insere a educação, num momento em que precisamos sair das caixinhas do conhecimento positivista


Nenhum comentário: