terça-feira, 4 de março de 2014

1917: Lênin retorna à Rússia


Em 16 de abril de 1917, Lênin chega de trem à Rússia, depois de obter licença para atravessar o território alemão. Em guerra com a Rússia, os alemães queriam desestabilizar o governo russo e apressar a assinatura da paz.
Lênin em 1918
A mobilização de cerca de 13 milhões de soldados e os gastos durante a Primeira Guerra Mundial causaram uma grave crise econômica e social na Rússia. Enquanto 1,5 milhão de soldados morriam nas frentes de batalha por falta de equipamentos, alimentos e vestuário, a fome chegava às grandes cidades e gerava greves. A paralisação dos operários de Petrogrado (atual São Petersburgo), por exemplo, mobilizou cerca de 200 mil trabalhadores.
No final de fevereiro (março, no calendário ocidental), o czar Nicolau II foi derrubado e a monarquia substituída pela república parlamentar. Nessa época, formaram-se os sovietes. Eram assembléias de operários, camponeses e soldados, influenciados pela ala radical, que mais tarde originaria o Partido Comunista.
O governo provisório, de 17 de março a 15 de maio, não conseguiu debelar a crise interna e insistiu na continuação da guerra contra a Alemanha. Enquanto isso, crescia a força de Vladimir Iliitch Ulianov, conhecido como Lênin, exilado na Suíça. Ele encarava a Primeira Guerra Mundial como uma luta entre os imperialismos rivais pela partilha do mundo e desejava fazer da guerra entre nações uma guerra entre classes.
Longa parada em Berlim
Com a permissão do governo alemão para atravessar a Alemanha de trem, Lênin voltou à Rússia em abril de 1917. No dia 11, porém, seu trem passou 20 horas estacionado em Berlim. Especula-se que para contatos e negociações de representantes do Ministério alemão do Exterior com Lênin. Registros do ministério revelam que também se falou em dinheiro: 40 milhões de goldmark, a moeda alemã utilizada na época para transações financeiras. Os revolucionários prosseguiram viagem pela Suécia e pela Finlândia, chegando a Petrogrado no dia 16 de abril de 1917.
Nas suas famosas "Teses de Abril", Lênin pregou a saída da Rússia da guerra, o fortalecimento dos sovietes e o confisco das grandes propriedades rurais, com a distribuição das terras aos camponeses. O novo governo, porém, insistia na participação da Rússia na guerra e por isso perdia apoio popular.
Avisado de que seria acusado pelo governo de ser um agente a serviço da Alemanha, Lênin fugiu para a Finlândia. Em Petrogrado, os bolcheviques enfrentavam uma imprensa hostil e a opinião pública, que os acusava de traição ao exército e de organização de um golpe de Estado. Em 20 de julho, o general Lavr Kornilov tentou implantar uma ditadura militar, através de um fracassado golpe de Estado. Da Finlândia, Lênin começou a preparar uma rebelião armada.
Revolução de Outubro
A segunda revolução russa de 1917, a de Outubro (6 a 8 de novembro), marcou o triunfo definitivo do marxismo-leninismo na Rússia. Sob o comando de Lênin e Leon Trotski (1879-1940), igualmente importante no movimento, o Partido Social Democrata da Rússia tomou o poder. Lênin foi eleito pelo partido novo chefe de governo e foi constituído um Conselho de Comissários do Povo.
Trotski fundou o Exército Vermelho, vencedor da guerra civil que assolaria o país nos quatro anos seguintes, contra os contra-revolucionários, liderados pelos czaristas. O novo governo nacionalizou bancos, minas, ferrovias, as grandes propriedades rurais e as indústrias, estabeleceu a ditadura do proletariado, transferiu a capital para Moscou (12 de março de 1918) e inaugurou a política do dito "comunismo de guerra".
Após a adoção do calendário oficial, assinou um armistício com a Alemanha, conhecido como Paz de Brest-Litovsk, em 3 de maio de 1918. O tratado trazia enormes desvantagens para a Rússia, com as perdas territoriais da Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia e Ucrânia, além de pagar uma pesada indenização em ouro e trigo à Alemanha.
Naquele ano, após tentativas de obter asilo em outros países, inclusive na Inglaterra, onde os soberanos eram seus primos, o último czar, Nicolau Romanov, a imperatriz Alexandra e seus filhos foram fuzilados por ordem do governo soviético.

DW.DE

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