quinta-feira, 28 de março de 2013

A solidão do cárcere






Neste terrível sepulcro da existência
O triste coração de dor se parte;
A mesquinha razão se vê sem arte,
Com que dome a frenética impaciência.

Aqui pela opressão, pela violência
Que em todos os sentidos se reparte,
Transitório poder quer imitar-te,
Eterna, vingadora omnipotência!

Aqui onde o que o peito abrange e sente,
Na mais ampla expressão acha estreiteza,
Negra ideia do abismo assombra a mente.

Difere acaso da infernal tristeza
Não ver terra, nem céu, nem mar, nem gente,
Ser vivo, e não gozar da Natureza?

- Bocage

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