sábado, 29 de dezembro de 2012

O caminho é o destino



Tinha sido uma bebedeira copiosa, dizendo adeus ao ano que dali a pouco iria embora, e eu andava perdido pelas ruas de Cádiz.
Perguntei por onde se ia ao mercado. Um velho soltou as costas da parede e me respondeu, apontando para o nada:
- Faça o que a rua te disser.
A rua me disse, e eu cheguei.
Alguns milhares de anos antes, Noé tinha navegado sem bússola, sem velas, sem timão.
A arca se deixou ir, por onde o vento lhe disse, e se salvou do dilúvio.
 
Galeano - 29 de dezembro

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