quarta-feira, 24 de outubro de 2012

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 24 de outubro
Os cientistas não o levaram a sério. Antonie van Leeuwenhock não falava latim, não tinha estudos, e seus descobrimentos eram frutos da casualidade.
Antonie começou ensaiando combinações de lupas, para ver melhor a trama dos tecidos que vendia, e de lupa em lupa inventou um microscópio de quinhentas lentes capaz de ver, numa gota d'água, uma multidão de bichinhos que corriam a toda velocidade.
Esse mercador de tecidos descobriu, entre outras trivialidades, os glóbulos vermelhos, as bactérias, os espermatozoides, as leveduras, o ciclo vital das formigas, a vida sexual das pulgas e a anatomia dos aguilhões das abelhas.
Na mesma cidade, em Delft, haviam nascido, no mesmo mës do ano de 1632, Antonie e Vermeer, o artista pintor. E na mesma cidade se dedicaram a ver o invisível. Vermeer perseguia as luzes que nas sombras se escondiam e Antonie espiava os segredos de nossos mais diminutos parentes no reino deste mundo.
 Galeano

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