quinta-feira, 1 de março de 2012

Relâmpago

Rompe-se a escuridão quando o olhar

para uma face o mundo se ilumina

com uma claridade repentina

capaz de, só por si, fazer brilhar



a substância tão irregular

de tudo o que se acende na retina

e através da luz se dissemina

por entre imagens vãs, até formar



um fluido movimento, uma paisagem

a que estes olhos quase não reagem

salvo se nesse instante o rosto for



transfigurado pela fantasia.

E às vezes é só isso que anuncia

aquilo a que chamamos o amor.



Fernando Pinto do Amaral,
Relâmpago, do livro Às Cegas, 1997

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