Tu te lembras, estouvada
quando, sem modos, sem pejo
enchendo a boca de vinho.
passaste, de vagarinho,
á minha bocca, num beijo?
Achei a idéia engraçada
e original o manejo:
a tua bocca encarnada,
a me beijar, de mansinho,
sorrindo pelo meu beijo,
toda manchada de vinho...
Desde esse dia eu não vejo,
para minh'alma embriagada,
outra bocca em meu caminho.
A causa, entanto, estouvada,
dessa embriaguez de desejo,
mais doce o teu carinho,
não pudeter decifrada:
-Não sei se foi o teu beijo...
-Não sei se foi o teu vinho.
Luiz Edmundo.
Anuário do Jornal do Brasil.1925
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