terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Poesia

A vida erótica da cidade

concentra-se nas suas zonas

erógenas

Este é o principio dado pelos deuses

gratuitamente Uma fila da cidade

e uma fila do corpo Desde as pontas

dos dedos desde o interior das mãos

até aos túneis de metro os arcos dos viadutos

e as pedras arrancadas com as unhas

das ruas empedradas

Antigamente – diz-me uma voz – o mistério

vivia nos templos Agora

só nos restam

estações e aeroportos

Nos cruzamentos

acendem-se semáforos

vermelhos

Um amigo

com uma covinha encantadora

no queixo

repara

cada situação

interpessoal

pode converter-se numa situação

erótica

A rua afoga-se

e morre de enfarte


Bohdan Zadura

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