sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Poemas de Julia Larré

Julia Larré – Escritoras Suicidas


envolto por cerca elétrica



Lâminas, pontas, estrelas de abismo



Chão.



Guerreia com a noite, suporta exausto



Aguenta a nefasta solidão.



Espectador de farpas, explosão.



Seccionado, metade.



Pulsa o necessário.



Não chama por nomes.



Envolto por cerca elétrica.



*



Minha casa



fica nua



muda



nos dias do



adeus.



quebra regras



impõe



desejos



desestrutura



as vigas



de mim.



*



Minha música



é minha manta



coberta de estrelas vagas



calcanhar tolo que anda



por muitas e mais calçadas



Todos andam à escuta



vesti-la é mesmo que nada



*



é que as horas



não me são



suficientes.



elas vêm



pintam meus dedos



fecham meus olhos



e o sono



não chega.



é que as horas



trazem



de volta



o tempo



que nem houve.



drag-queen



Teu nome soa



ecoa



em meu ventre.



Meu corpo sabe



teu reino



é esse.



Dorme



que o dia



começa



e teus sonhos



enchem



a noite.



0 (zero)



o homem caminha



por entre



nuvens



e



círculo



sabe de sua rota



olha o éter —



o eterno retorno —



corre o risco



de seguir



o caminho



desconhecido.



*



morte melhor



para que o corpo



permaneça



entreaberto



para que a alma fique —



eternidade —



nada é entristecedor



meu nirvana é o



caos





Julia Larré. Poeta, vive em Recife/PE

Fonte: Blog Escritoras Suicidas

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