Julia Larré – Escritoras Suicidas
envolto por cerca elétrica
Lâminas, pontas, estrelas de abismo
Chão.
Guerreia com a noite, suporta exausto
Aguenta a nefasta solidão.
Espectador de farpas, explosão.
Seccionado, metade.
Pulsa o necessário.
Não chama por nomes.
Envolto por cerca elétrica.
*
Minha casa
fica nua
muda
nos dias do
adeus.
quebra regras
impõe
desejos
desestrutura
as vigas
de mim.
*
Minha música
é minha manta
coberta de estrelas vagas
calcanhar tolo que anda
por muitas e mais calçadas
Todos andam à escuta
vesti-la é mesmo que nada
*
é que as horas
não me são
suficientes.
elas vêm
pintam meus dedos
fecham meus olhos
e o sono
não chega.
é que as horas
trazem
de volta
o tempo
que nem houve.
drag-queen
Teu nome soa
ecoa
em meu ventre.
Meu corpo sabe
teu reino
é esse.
Dorme
que o dia
começa
e teus sonhos
enchem
a noite.
0 (zero)
o homem caminha
por entre
nuvens
e
círculo
sabe de sua rota
olha o éter —
o eterno retorno —
corre o risco
de seguir
o caminho
desconhecido.
*
morte melhor
para que o corpo
permaneça
entreaberto
para que a alma fique —
eternidade —
nada é entristecedor
meu nirvana é o
caos
Julia Larré. Poeta, vive em Recife/PE
Fonte: Blog Escritoras Suicidas
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