segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Poema 5



Há dezessete meses grito,

chamando-te de volta para casa.

Já me atirei aos pés de teu carrasco.

És meu filho e meu terror.

As coisas se confundem para sempre

e não consigo mais distinguir, agora,

quem a fera, quem o homem,

e quanto terei de esperar até a tua execução.

Só o que me resta são flores empoeiradas

E o tilintar do turíbulo e pegadas

Que levam de lugar nenhum a parte alguma.

E bem nos olhos me olha,

com a ameaça de uma morte próxima,

uma estrela enorme.


Anna Akhmatova,
Lauro Machado Coelho

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