sexta-feira, 16 de julho de 2010

Diana era uma menina de 13 anos quando ,usando bermuda e tênis, entrou pela primeira vez numa loja chique, de grife, dessas que ficam num canto especial dos shopping , cercadas de seguranças.Sentiu-se entrando "num mundo novo e mágico ", como diria no twitter.Tudo era lindo,impecável,perfeito como nenhum namorado poderia ser.diante do balcão,entregando seu cartão de crédito dourado para a vendedora,Diana viu uma mulher dessas que as colunas sociais chamam de "elegantérrimas",com muita classe,personalidade e ,claro,dinheiro, além de cabelos loiros pintados por algum mestre da tintura.E pensou:"Um dia serei como ela".

Começou a ler todas as revistas de moda, a imitar todas as celebridades, a estudar inglês e fazer cursos.Emagreceu,passou a se maquiar e usar saltos altos,começou a andar com as colegas ricas da escola,adotou um semblante impassível como os das garotas nas passarelas.Um dia,cinco anos depois, sua mãe decidiu sair da priferia e ir ter mais qualidade de vida no interior.Foi o pior dia de sua vida.Diana abandonou a idéia da Faculdade,mas não o desejo de ser aquela mulher que viu na loja.a ausência de um shopping na cidadezinha a amargurava; o máximo que podia era ir a uma cidadezinha vizinha e comprar numa dessas lojas de departamento.Não tinha amigas nem namorados;mal saía de casa.Roía as unhas,tinha calos nos pés,não precisava nem mais fazer força para emagrecer.O único prazer era comprar,era perseguir a completude do guarda-roupa.Se as revistas diziam  " a moda é usar laranja", ela, que detesta laranja, saía para caçar tudo o que  pudesse nessa cor.Três dias sem uma compra era a infelicidade suprema.Quanto mais repetia uma peça, mais sentia precisar de outras.E mais se  endividava.

Diana,agora,se diz "à espera de um milagre ".Quer se salvar da compulsão em que se meteu.Quer retomar as amizades e os estudos, quer dar uma chance aos garotos mais simples.Quer aceitar a ajuda dos pais e liquidar as dívidas  .E fez uma promessa; só voltará a comprar roupa depois de 20 de dezembro, quatro dias antes do Natal. Afinal ninguém é de ferro.

Daniel Piza
http://www.danielpiza.com.br/
Sinopse
fonte.O Estado de São Paulo

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