quinta-feira, 15 de julho de 2010

Canto Esponjoso

Bela

esta manhã sem carência de mito,

E mel sorvido sem blasfêmia.



Bela

esta manhã ou outra possível,

esta vida ou outra invenção,

sem, na sombra, fantasmas.



Umidade de areia adere ao pé.

Engulo o mar, que me engole.

Valvas, curvos pensamentos, matizes da luz

azul

completa

sobre formas constituídas.



Bela

a passagem do corpo, sua fusão

no corpo geral do mundo.

Vontade de cantar. Mas tão absoluta

que me calo, repleto.


Carlos Drummond de Andrade

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